segunda-feira, 3 de junho de 2013

Concurso de Contos - Turma 2001, EJA


Apesar das dificuldades próprias dos alunos do EJA, a turma 2001 mostrou que tem força de vontade e brilhou durante o bimestre lendo, escrevendo e reescrevendo contos inspirados nas características do Realismo.

Como resultado, foi feito um concurso de contos baseado em "A cartomante" de Machado de Assis. A noite de premiação com direito a festa e bingo aconteceu na quarta-feira dia 22 de maio, e contou com o apoio da Diretora adjunta Claudine e orientadoras Márcia e Cidinha. (ver fotos)

Vencedores: Melhor adaptação : Alexandre Quadros/ Melhor Final:Thaiana Pereira / Melhor Casal: Lucas de Almeida / Melhor CONTO: Bruna Dadam com o conto:"A história de Sophy".

Parabéns a todos os alunos e muito obrigada pelo empenho e dedicação. Agradeço também ao apoio de toda a equipe do Colégio que está sempre pronta para nos fazer ir além.
Professora Ana Luiza.

"DEVEMOS ACREDITAR QUE, PELAS PALAVRAS, PODEMOS O MUNDO TRANSFORMAR"








Melhor conto, escrito pela aluna Bruna Dadam, da turma 2001:
A História de Sophy
 Sophy com seus 26 anos, médica obstetra, é casada há três anos com Octávio de 30 anos, um arquiteto muito conhecido pelo seu trabalho. Octávio trabalhava junto com o mais famoso engenheiro civil da região de Lagoinhas, estado de MS, o Dr. Eduardo Paes Milkasnowski.
 Eduardo, solteiro, vivia com a mãe em sua enorme mansão. Seu pai faleceu quando era pequeno e, por ser o único herdeiro, era cobiçado pelas moças da cidade. Porém nenhuma possuía o encanto que Eduardo precisava para impressioná-lo e fazê-lo apaixonar. Até que conheceu a esposa de seu sócio Octávio. Durante cinco anos juntos, nunca havia apresentado sua bela esposa, Sophy, pois ela viajava para fora a congressos e, quando voltava ao Brasil, ficava somente com o marido, junto com familiares, principalmente depois da morte recente de sua mãe.
 A mansão de Eduardo estava em festa, era comemoração de seu aniversário de 33 anos. Havia muitos convidados, pessoas famosas na política e em diversas áreas. Octávio, chegando à festa, logo procurou Eduardo para apresentar sua esposa de pele clara e olhos de mel. Parecia boneca de tão delicada e lábios tão rosa quanto uma flor.
- Eduardo! Aqui, essa é Sophy, minha esposa. -apresentou Octávio.
 Eduardo parou num instante, parecia ter viajado no tempo, admirando tanto a beleza de Sophy, sem nexo de uma hora tão repentina já imaginava e sentia que seria ela a mulher que tocava seu coração. Foi quando Octávio o interrompeu em sua imaginação.
- Eduardo, está tudo bem?-perguntou Octávio, sem graça.
-Sim...Muito prazer, sou Eduardo - acanhado.
- Prazer, Sophy.
 Ambos apertaram as mãos.
-Fique à vontade - propôs Eduardo
 Naquela festa nada mais chamava a atenção de Eduardo a não ser os olhos castanhos de Sophy. Delirou nela e não pensava mais em nada, ficava completamente aéreo, nas nuvens. Eduardo olhava para seu jardim isolado ao lado da casa e sem querer notou Sophy sozinha sentada em um banco de concreto perto das flores e arbustos. Pensando na oportunidade de conhecer a moça, foi até ela, dizendo:
- O que pensa tão solitária? - segurando suas mãos apreensivas.
- Vejo como tem ótimo gosto para flores - diz Sophy com um sorriso comportado.
- É, minha mãe... Ela gosta muito das flores.
-A minha mãe cultivava sempre as rosas vermelhas, ela dizia que simboliza a paixão e o amor, que pra você expressar o amor a alguém, presenteie com rosas, pois elas fortificam as emoções das pessoas de tão bonitas que  são.
 Os dois se fitaram profundamente, ambos conseguiam ouvir os batimentos de seus corações um pelo outro, momento intenso. Sophy acordou de repente de seu devaneio e recolheu-se, acenando para Eduardo.
 “Como pode essa moça me cativar tanto, o que ela tem? Eu preciso descobrir! Mas, não posso passar por cima de Octávio, e se essa paixão for bem mais forte do que eu? Não posso.” Pensou Eduardo, com dúvidas que angustiavam seu coração.
 Eduardo passou o domingo em claro depois de sua festa, não conseguia tirar Sophy de sua cabeça, ela não o deixava um minuto, tomava calmantes e nada funcionava.
 Passou-se uma semana completa, muitos trabalhos foram feitos, Octávio recebeu uma proposta de um trabalho “quebra galho” em Pirucutiba, numa cidade próxima a Lagoinhas, seria rápido, uma semana e já estaria de volta. Sophy ficaria para cuidar da casa, não haveria congressos para este mês.
 Sophy, alegre, ia ao mercado como de costume quando tinha tempo, andava pela cidade, via paraquedas que saltavam, ciclistas que passavam, motos correndo apavoradas... Ela se assustava com cada barulho. Caminhando pelo calçadão do centro, prestes a atravessar a rua, quase foi atropelada por uma Lamborghini Reventon. O motorista, por sua vez assustado, desceu para ver o estado de moça. A coincidência incrível foi que o motorista era Eduardo! Obviamente, ele preocupou-se com o estado psicológico de Sophy. Tentando se redimir, ofecereu uma carona. Sophy, desajeitada, aceitou. Eduardo puxou assunto:
- Por favor, me perdoe, não sei o que seria de mim se algo acontecesse com você! -dizia preocupado com uma mão esfregando a testa.
 Sophy o encarou franzindo a testa:
- Você se importa tanto assim comigo? -risos
- Sisisimm! É claro que sim! Pouco te conheço, mas não merece ser atropelada!
 Enfim, chegaram à casa de Sophy, de repente veio uma nuvem carregada e um temporal, a chuva era tão forte que não dava para enxergar o que havia fora do carro. Sophy ofereceu para Eduardo esperar a chuva passar em sua casa. Desceram rapidamente do carro. Ensopados chegaram à porta, entraram. Sophy pegou algumas toalhas para ela e o Eduardo foi à sala de estar, sentaram-se nas poltronas com a lareira ligada e ficaram a conversar. Estavam próximos.
- Vou à cozinha esquentar um copo de leite para nós - avisou Sophy, com seu olhar cativante.
 Enquanto isso Eduardo tornava a pensar “Não vou me segurar, preciso falar algo, não vou me controlar!”. Poucos minutos depois, Sophy com os copos na mão, andando cuidadosamente quando tropeça num boneco de louça que estava no chão, cai em cima de Eduardo derrubando os copos no tapete. Ambos assustados se fitavam novamente, cada vez mais perto, seus olhos semi fechados. Enfim seus lábios se encontraram. Um beijo doce, leve, carinhoso, Eduardo enquanto a beijava, a abraçava forte e ela acariciava seu queixo passando a mão pelo rosto.  Renderam-se pela paixão que sentiam um pelo o outro. A chuva não cessava um minuto, parecia que mais forte ficava. Sophy caiu na realidade e parou.
- Não, Eduardo! - gritou com culpa, nervosismo e desespero.
 Eduardo não falava, parecia não acreditar no que acabara de acontecer.
-Por favor, Eduardo, você precisa ir embora. Determinou Sophy. - Desculpe-me, mas não posso agora! 
 Eduardo puxou Sophy pelos braços fortemente e tornou a beijá-la ofegante, como se fosse uma fera com garras na presa. Sophy não resistiu mesmo, e aceitou o beijo. Deitaram-se no sofá. Sophy arranhava as costas de Eduardo e o acariciava enquanto ele beijava todo seu corpo com uma vontade imensa de lhe possuir, respiravam profundamente, suor pingava sobre as toalhas no sofá, se amaram como nunca.
 No dia seguinte, Sophy acordou com um sorriso imenso, estava sozinha em sua casa, correu para a porta da frente, o carro de Eduardo não estava. Logo murchou sua feição.
 Eduardo, indignado, não estava arrependido por ter uma noite com Sophy, mas por ser com a mulher de seu amigo, por se apaixonar tanto. “Porque a mulher de Octávio”? “Poderia ter a encontrado antes.” Pensou.
 Passaram-se dois dias e uma surpresa aconteceu para Sophy, uma carta chegou a sua casa e nela dizia que Octávio tem uma filha com outra mulher com quem se encontrava há dois anos. Sophy arrasada ficou quando leu a seguinte frase que dizia: “Cansei de ser segunda opção, porém não aguento mais, sou amante de seu marido e temos uma filha de dois anos juntos” O chão caiu para Sophy, ela nunca imaginara que Otávio seria capaz de traí-la. Em prantos, recebia ligações, mas não o atendia. Pegou suas roupas e todos seus pertences e mudou-se para um apartamento no centro da cidade. Seus pensamentos não descansavam, pensava até que ele a traía quando estava fora fazendo congressos, “se fosse assim então a suposta amante seria da cidade?” questionou-se em alto. Em seguida, ligou para Eduardo pedindo para que ele lhe encontrasse na praça da cidade, no centro.
 Octávio no desespero, não terminou seu trabalho em Pirucutiba e logo voltou para Lagoinhas. Angustiado, temia a causa de Sophy não atender suas ligações. Passando pelo centro da cidade avistou Sophy na praça e junto dela um homem. Parou num lugar mais próximo e foi até o encontro com os dois. Surpreso ao ver seu chefe com sua mulher, questionou:
- Por que estão aqui?! Sophy por que não me atende?
 Sophy assustada e Eduardo preocupado, não sabendo o que falar, mesmo querendo, começava a gaguejar. Então Sophy disse:
- Me diz uma coisa Octávio, o que você faz escondido de mim há dois anos?
 Octávio ficou abalado, não sabia o que dizer, pois imaginava do que se tratava. Disse:
-Precisamos conversar, Sophy.
-Não, não quero ouvir, quero apenas divórcio!
-Sophy, você precisa me dar chance para me explicar, nem sabe se é verdade ou não! O que te falaram?
- Octávio, eu não quero explicação alguma, apenas aceite o divórcio. A própria pessoa que você sabe de quem estou falando, me mandou uma carta contando a verdade, inclusive da criança! Você não passa de um pérfido imbecil!
 Eduardo, sem entender nada, ficou assistindo. Octávio chegava perto de Sophy, pega em seus braços. Em seguida, Eduardo a puxou e disse:
- Não a pegue desse jeito!
 Eduardo o encarou feio, entrando na frente. Octávio retrucou:
- É a minha mulher, pego-a do meu jeito.
 Nervosos quase se atracaram, mas Sophy pegou a mão de Eduardo propondo que fossem embora. Octávio olhou a cena e logo percebeu que ali havia alguma coisa entre eles. Enfurecido ficou, saiu queimando os pneus do seu carro.
 Octávio estava com muito ódio de ter perdido sua amada. Um mês se passara, Octávio, com trajes pretos, uma touca cobrindo seu rosto, apenas seu nariz de fora, com luvas, foi até a mansão. Entrou sem que ninguém percebesse. Eduardo notou a presença de um intruso descendo as escadas de sua casa. Deparou-se com um homem de costas e logo perguntou:
- Ei, o que está fazendo aqui?!
Era Octávio, o marido traído, que se virou rapidamente e deu um tiro em Eduardo, fazendo com que caísse no chão.
Num instante, enquanto Octávio não fazia nenhum movimento, ele sentiu um golpe forte nas costas, que o fez cair. “Fui apunhalado!”,  pensou. Depois de cair no chão, agonizando, ainda conseguiu ver alguém:
-Você deveria ao menos esperar eu me casar com ele.
 Era Sophy.
(B.D.)




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